Designer de joias do Pará está entre as melhores do país

Atriz Thaís Araújo, a Golden Girl 2012, com o colar Açaí, criado por Selma Montenegro. FOTO: ISABEL GARCIA - Divulgação AuDITIONS Brasil 2012 – AngloGold Ashanti
Com o colar denominado Açaí, fruta típica do Pará, a designer de joias paraense Selma Helena Montenegro Botelho, única representante da Região Norte, chega à elite da joalheria nacional. Ela foi selecionada entre 1.386 inscritos de todo o país como uma das 18 melhores na 10ª edição do maior concurso de design de joias de ouro do mundo, o AngloGold Ashanti AuDITIONS. Promovido em vários países pela mineradora AngloGold Ashanti, no Brasil o concurso acontece a cada dois anos, com o objetivo de valorizar o setor joalheiro nacional.

Na solenidade de premiação, ocorrida em 12 de novembro, em Belo Horizonte (MG), além de empresários, joalheiros, jornalistas especializados e políticos, também participaram do evento artistas como Murilo Benício, Eliane Giardini, Carlos Casagrande – que desfilou com o colar de Selma Montenegro -, e a cantora Vanessa da Mata.

Todos os finalistas desta edição do AuDITIONS, que teve “Brasilidade” como tema, estão com suas peças no catálogo do evento, fotografadas no corpo da atriz Thaís Araújo, escolhida a golden girl em 2012, pelo fotógrafo JR Duran, em Foz do Iguaçu (PR). O fotógrafo Almir Pastore, especializado em joias, retratou as peças finalistas. A modelo Luiza Brunet, a golden girl de 2011, também participou da festa.

Dos 18 designers que disputaram a premiação, em duas categorias, saíram vencedores Camila Schmitt com o colar Cana do Brasil, escolhido entre 12 peças na categoria Prêmio AuDITIONS – premiação de R$ 25 mil em barras de ouro - e Carla Abras, com o colar-bolsa Arara, a melhor entre os 10 finalistas da categoria Prêmio AuDITIONS 10 anos, que recebeu R$ 30 mil, também em barras de ouro.

Antes do anúncio final, todas as peças foram desfiladas por modelos, na festa realizada no Palácio das Artes, um dos mais importantes espaços culturais da capital mineira. No dia seguinte foi realizado outro desfile, tendo como público os funcionários das sedes da mineradora no Brasil.

Colar Açaí. FOTO: ALMIR PASTORE. Divulgação  AuDITIONS Brasil 2012 
– AngloGold Ashanti
APELO VISUAL - O colar Açaí mostra, em ouro e gemas orgânicas, um grande cacho do fruto extraído do açaizeiro, palmeira típica da Amazônia. Segundo Selma Montenegro, a joia é conceitual e tem forte apelo visual, tanto pelo tamanho quanto pela característica artesanal da peça, que foi produzida pela Escola Rhama, que tem à frente o ourives e lapidário Ramirez Garcia Gomes. Reinaldo Cardoso de Souza, ourives e instrutor da Escola Rhama – que é uma escola de ourivesaria que funciona no mezanino do Espaço São José Liberto, oferecendo cursos de joalheria básica e avançada – foi quem confeccionou a peça, com a orientação de Selma Montenegro e de Ramirez Garcia.

Ramirez, um dos pioneiros do Programa Polo Joalheiro do Pará, e Reinaldo participaram da solenidade de premiação, convidados por Selma Montenegro.

Sobre a inspiração para criar a joia, a designer diz que a temática foi escolhida por ser uma fruta muito típica do Pará, mas que há vários anos ganhou o mundo. “Por ser uma fruta exótica e saborosa, comercializada de diversas formas, o açaí é muito consumido. É a cara do Pará e do paraense, que produz o fruto em abundância. Eu lembro muito dessa música: ‘Chegou ao Pará, parou. Tomou açaí, ficou...”, reitera Selma.

A designer Selma Helena Montenegro é natural do município de Afuá, no Arquipélago do Marajó e, desde 2002, integra o Programa de Desenvolvimento do Setor de Joias e Metais Preciosos, financiado pelo Governo do Estado/ Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e gerenciado pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).

Além do ouro, fornecido pela mineradora, ela utilizou madeira, caroço de tucumã e fibra de arumã para compor o colar Açaí. “Apesar de o conceito ser voltado para o ouro, a gente tem que saber fazer esse link com a matéria prima regional”, diz Selma, lembrando que esse tema ela abordou em uma peça finalista de outro importante concurso de design de joias do país, promovido pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM).

“Estou mostrando a força do açaí como algo muito nosso. Mostro o Pará, nossa cultura e nossos costumes. O açaí vem das entranhas do Pará, das comunidades ribeirinhas. Vejo o açaí como uma divulgação do que há de bom aqui”, enfatiza Selma.

Para o AuDITIONS Brasil 2012, a designer também enviou outros dois projetos, Arara Azul e Carimbó, um dos ritmos característicos da cultura paraense. O projeto selecionado foi o último a ser enviado.

Da esquerda para a direita, Reinaldo Souza, Selma Montenegro e Ramirez Garcia, durante a premiação. FOTO: Igama Divulgação

EXPERIÊNCIA – O ourives Ramirez Garcia conta que teve muita cautela para construir a peça, pois precisava seguir todas as regras do contrato de produção do concurso. Para ele e Reinaldo Souza, a experiência foi o diferencial, especialmente no uso das ferramentas, já que precisaram preparar formas (embutidores) adequadas ao formato redondo exigido pela peça.

Reinaldo explica que foram criadas ferramentas especiais, ovais e em forma de dado, fora dos padrões da ourivesaria. Os dois ourives usaram até bolas de bilhar, além das cinco peças de madeira e seis de aço. O esforço valeu a pena, segundo Ramirez: “A peça foi muito comentada, e o desfile um espetáculo”, diz ele, que tem mais de 25 anos de experiência na área.

“Esse prêmio representa todas as minhas conquistas como designer. Mostra que nós estamos evoluindo e que podemos estar no meio dos melhores. Mostra a nossa evolução e a evolução da joia do Pará, principalmente em termos de design. Mas ainda há muito para melhorar, e devemos continuar nessa busca. Um concurso do porte do AngloGold AuDITIONS é revelador de novos talentos. Mostra novas formas de se conceber uma joia, novas buscas, a história e a capacidade dos profissionais envolvidos, e abre novos horizontes”, afirma Selma Montenegro, pioneira na Região Norte em concursos de joias, e que agora se junta às duas outras designers paraenses selecionadas em outras edições do AuDITIONS, Clara Amorim e Lídia Abrahim, ambas vinculadas ao Polo Joalheiro do Pará.

De acordo com a organização nacional do concurso, o AngloGold AuDITIONS é um incentivo para os designers brasileiros, pois destaca a criatividade e a excelência do trabalho destes profissionais, que ganham mais reconhecimento e projeção internacional na área do design de joias. O prêmio também colabora para a valorização do ouro, a agregação de valor ao metal e a geração de emprego.
Airton Lisboa, Rosa Helena Neves e Selma Montenegro.FOTO: Seicom Divulgação

CRESCIMENTO - Representantes da mineradora já estudam a possibilidade de realizar programação semelhante em 2013 em Belém, para valorizar a produção local e colocar o Pará no roteiro dos grandes eventos nacionais do setor. As 18 peças finalistas serão mostradas em vários Estados e países, e depois ficarão expostas no museu da mineradora.

A versão brasileira do AuDITIONS é realizada desde 2002. As joias finalistas passam a fazer parte do acervo da empresa. As coleções apresentadas evidenciam o ouro em joias que retratam questões relevantes da sociedade, como o consumo responsável, a sustentabilidade, a preservação da cultura e a identidade nacional.

Durante o evento de premiação, o Pará foi destacado como o maior produtor mineral do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais. Para Airton Fernandes Lisboa, diretor de Desenvolvimento de Comércio e Serviços da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), o modelo de gestão e as ações do Programa Polo Joalheiro contribuem para a participação do Pará no concurso internacional.

“O programa iniciou em 1988 com o objetivo de agregar valor a produtos minerais, e ainda focando principalmente a inserção social pela produção, naquela época muito trabalhada pelos governos estaduais. Podemos dizer que este programa, que experimentou ciclos e modelos de gestão diversos, sobreviveu e contabilizou resultados positivos nos âmbitos tecnológico, profissional e social, mostrando que a organização da cadeia produtiva de gemas e joias é promissora, e já podemos contabilizar dividendos, com esta premiação e o reconhecimento nacional e internacional do Programa Polo Joalheiro do Pará como um dos melhores, senão o melhor, existente”, ressalta Airton Lisboa.

A participação do governo do Estado tem sido fundamental para desenvolver o setor de joias e artesanato no Pará, a partir de estratégias de promoção e comercialização dos produtos, e investimentos em capacitação profissional no setor joalheiro. O grande desafio, agora, segundo o diretor, é inserir no programa o principio da gestão por resultados e da auto sustentação econômica. Segundo ele, o setor mostrou sua criatividade e qualidade técnica, mas precisa se organizar para produzir em escala competitiva para os mercados nacional e internacional.

“Para tanto, exige esforço conjunto e investimentos de trabalhadores, iniciativa privada, instituições governamentais e não governamentais, na formatação e implantação de projetos sustentáveis, de elevado conteúdo tecnológico nos processos de fabricação e comercialização”, acrescenta Airton Lisboa.

David Leal, titular da Seicom, mantenedora do Espaço São José Liberto/Polo Joalheiro, participou do evento, acompanhado de Airton Lisboa e Rosa Helena Neves, diretora do Espaço São José Liberto. David Leal foi um dos convidados de Hélcio Guerra, presidente da AngloGold Brasil, um dos 10 países, em quatro continentes, a possuir filiais da mineradora sul-africana, com sede em Johanesburgo.

Ator Carlos Casagrande desfilou com o colar "Açaí". 
FOTO: Divulgação AuDITIONS Brasil 2012 – AngloGold Ashanti


Ascom/Igama




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