Polo Joalheiro do Pará servirá de modelo para projeto da Martinica

Ciclo de palestras da programação de intercâmbio entre os governos
da Martinica e do Estado do Pará. Foto: Ivan Cardoso/Agência Pará
Nesta quarta-feira (22) teve início um ciclo de palestras no Espaço São José Liberto que compõem a programação de intercâmbio sobre um projeto de cooperação entre os governos da Martinica, departamento ultramarino francês, situado no mar do Caribe, e do Estado do Pará. Formada por nove pessoas, entre elas quatro ourives, uma gerenciadora de projeto e uma assessora na área da capacitação, a comitiva esteve no Espaço São José Liberto para ouvir as experiências que vão contribuir com o projeto de implantação de um polo joalheiro na Martinica inspirado no modelo paraense.


A dinâmica da gestão do Espaço São José Liberto e do Programa de Desenvolvimento do Setor de Gemas e Joias do Pará, conhecido como Polo Joalheiro, foi o tema da primeira palestra proferida, pela diretora executiva do programa e do espaço, Rosa Helena Neves. Essa é a primeira etapa do encontro, que segue até a próxima sexta-feira (24), com ateliês temáticos, reuniões empresariais, intercâmbios e visitas técnicas a unidades produtivas, Museu de Gemas do Pará e lojas de joias do polo, entre elas a Una, experiência de loja incubadora.
Rosa Helena Neves, diretora executiva do Igama e do ESJL.
Foto: Ivan Cardoso/Agência Pará
Além do modelo de gestão, os visitantes também vão conhecer os diversos setores criativos do espaço, detalhes do funcionamento da cadeia produtiva de gemas e joias e inovações da joalheria artesanal paraense e do artesanato comercializados no espaço.

As experiências bem-sucedidas de gestão do São José Liberto integradas às ações desenvolvidas pelo Polo Joalheiro foram detalhadas por Rosa Helena Neves, que falou sobre a economia criativa como estratégia de desenvolvimento, a partir de um modelo dinâmico e intersetorial de gestão compartilhada entre os setores público e privado e a sociedade, representada pelos setores produtivos de joias, gemas, artesanato, manualidades e moda. “Para que haja a dinamização dessa economia são desenvolvidas ações no âmbito da capacitação, gestão e mercado, integradas à metodologia da economia criativa, que tem como referência a diversidade cultural, a criatividade e a inclusão social e produtiva”, destacou a diretora.

Rosa Neves também frisou a importância da rede de parcerias para o desenvolvimento do Programa Polo Joalheiro, recordando parceiros pioneiros, como o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), fundamentais para a consolidação do projeto, que contou, desde o início, com o financiamento do orçamento público estadual, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom).

Para o presidente do Sebrae, Vilson Schuber, a história do São José Liberto tem muito a ver com o Sebrae. Quando o espaço foi concebido, o Sebrae viu que seria um espaço de crescimento e de acolhimento para o artesanato em suas diversas formas e a ourivesaria, uma forma de incentivar os artesãos e ourives. “Replicar a iniciativa do Espaço São José Liberto Brasil afora é mais uma importante fonte de renda através do turismo. O Sebrae tem todo o interesse e carinho pelo desenvolvimento e crescimento dessa atividade”, frisou.
Presidente do Sebrae, Vilson Schuber.
Foto: Ivan Cardoso/Agência Pará
Criatividade – Baseada no case de sucesso do Polo Joalheiro/ São José Liberto, a estratégia de desenvolvimento do projeto de cooperação entre o Pará e a Martinica começou a ser tratada em agosto deste ano, em reunião entre Manuella Toussay, representante do conselho regional da Martinica no Brasil e adida de cooperação junto à Embaixada da França em Brasília, e a secretária Maria Amélia Enríquez, titular da Seicom, mantenedora do São José Liberto e do Polo Joalheiro, gerenciados pela organização social Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).

Essa implantação do Polo Joalheiro na Martinica tem a pretensão de ser uma vitrine de várias áreas: da produção de joias, da cultura e do artesanato da Martinica, mas também das pedras, joias e biojoias do Pará em termos de exportação do Estado para a Martinica. Também temos a pretensão de convidar empresários e ourives que tenham interesse em investir na Martinica nesse setor joalheiro. Eles são bem-vindos para que o Pará tenha essa vitrine no Caribe”, ressaltou Manuella.

Hoje é a primeira etapa de encontros, intercâmbios e visitas técnicas, que segue até sábado. Vamos conhecer este espaço arquitetônico e ter também visitas técnicas nos ateliês de ourivesaria e de lapidação. Tudo para ter a ideia clara do que é um polo joalheiro. É importante dizer que não existe essa ferramenta lá no Caribe. Isso é muito importante porque, com a implantação na Martinica, a interação com outros países em volta, dos Estados Unidos e da Europa, vai ser maior ainda. O primeiro passo é hoje; depois vamos colher os ‘expertises’ paraenses para eles terem uma avaliação física do espaço e do local onde vai ser implantado esse polo, e vamos continuar esses intercâmbios para afinar o projeto, que deve começar daqui a dois anos”, continuou.

Palestras – Na mesa de abertura do encontro, além de Rosa Helena Neves e Manuella Tossay, estavam o diretor de Geologia e Transformação Mineral da Seicom, Ambrózio Ichihara, e a representante da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Rosário de Fátima Souza.
Manuella Toussay, representante do conselho regional da Martinica no Brasil e adida de
cooperação junto à Embaixada da França em Brasília. Foto: Ivan Cardoso/Agência Pará
Ambrózio Ichihara destacou a importância do evento. “O governo do Estado vê com bons olhos essa experiência de expansão de negócios de gemas e joias para o exterior. A Seicom está dando todo o apoio institucional para que isso aconteça, inclusive complementando com a visita de designers paraenses na Martinica para mostrar a metodologia usada”, asseverou.

O coordenador do Núcleo de Arranjos Produtivos Locais (APL) da Seicom, Marco Antônio Lima, comentou sobre o tema no território criativo. “Há possibilidade de implantar e de reproduzir o modelo de APL desde que se identifique a existência dos os entes produtivos e institucionais necessários para fazer funcionar a dinâmica de um arranjo. O APL é uma aglomeração de entidades produtivas com uma afinidade setorial, ou seja, de um determinado setor econômico, e que interajam com uma série de entes públicos e privados, por exemplo com universidades, centros de treinamento, sindicatos, associações empresariais, de crédito e fomento. O que caracteriza um arranjo é a existência dos agentes e da articulação que é obtida por meio do mecanismo de governança, que é uma espécie de comitê gestor”, disse.

Pierre Kichenama, dono da empresa Bijouterie Kichenama, que está há 30 anos no mercado de joias, veio ao Pará representando joalheiros na Martinica. “Estamos aqui para descoberta, para ver como é, como é feito e se funciona, porque não sabemos muita coisa desse contexto. Descobrir também se seguir esse modelo será rentável para os joalheiros da Martinica, por conta da realidade ser bem diferente aqui no Brasil. Também tem a questão da dimensão, porque o Brasil é enorme, e a Martinica é bem menor que o Pará e abriga uma população de 412 mil habitantes”, concluiu. (Colaboraram Juliana Pinheiro, da Ascom Seicom, e Luciane Fiúza, da Ascom Polo Joalheiro).


Ascom/Seicom




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